MÃE SÓ HÁ UMA

(de Anna Muylaert, 1h 22 min, Comédia Dramática, Brasil, 2016, 16 anos )

Disponível em: Netflix, VideoCamp

Um filme instigante, mostra o encontro de um filho com a família biológica após 17 anos. Nesse cenário emergem as expectativas e projeções de pai e mãe sobre o filho, que se expressam desde a negação ao estilo de vestimenta do rapaz até a explicação quanto ao modo de organizar camisetas e calças em seu guarda-roupa. Com isso, transparecem os valores da classe média com seus símbolos, que disfarçam o próprio fracasso em entender um tempo que exige uma nova sensibilidade.
O tema central do filme é a fluidez de gênero, vivida pelo jovem protagonista, Pierre – ou Felipe. O garoto não se interessa por rótulos: experimenta relacionar-se com garotas e garotos. Para ele o que importa é ser fiel a si mesmo, independente da expectativa geral. Na maior parte do tempo veste roupas masculinas, mas por vezes utiliza maquiagem, esmalte e roupas femininas.
Chama atenção a maneira como a história é contada. Assistimos a diversas elipses, como a ausência de uma cena que mostre a primeira troca de olhares entre os pais biológicos e o filho. Essas cenas não mostradas, a princípio podem parecer lacunas na narrativa, entretanto, são artifícios que permitirão ao espectador preencher os hiatos com a própria imaginação.
Vale a pena refletir por qual motivo o título do filme é Mãe só há uma.
Anna Muylaert dirigiu Que horas ela volta? entre outros trabalhos. (dica de Rita Leão)