O POÇO

(El Hoyo, de Galder Gaztelu-Urrutia, 94 min, Ficção Científica, Suspense, Espanha, 2019, 16 anos)

Disponível em: Netflix

“Há três tipos de pessoas, as de cima, as de baixo, e as que caem”. Essa citação intrigante logo no início do filme dirigido por Galder Gaztelu-Urrutia, leva-nos a um mundo assustadoramente distópico, onde o suspense permanente e de maneira muito bem conduzida é angustiante, perturbador e muitas vezes violento com elementos de terror. A angústia e a perturbação que nos prendem à narrativa e às cenas, acontecem porque, ao longo do filme, vamos descobrindo que “O Poço” é uma grande metáfora da vida real. No poço em que diversas pessoas vivem e tentam sobreviver das maneiras mais inacreditáveis possíveis, assistimos a luta de classes, o individualismo, a ignorância, o desprezo pela vida, a experimentação dos seres, a submissão e; a morte. E por tudo isso o filme nos incomoda, nos provoca e coloca nossos sentimentos na parede, ou nesse caso; dentro do poço. O que é o poço? Por que e para que o poço existe? Onde começa o poço e qual a sua real profundidade? Quem são as pessoas que vivem no poço e por que ali estão? Somos semelhantes ou diferentes dos que estão no poço? São essas as perguntas que as personagens e nós tentamos humanamente desvendar durante todo o tempo. Para cada um “O Poço” poderá se revelar ou não, mas a esperança e o idealismo quixotesco de Goreng (Iván Massagué), mesmo em meio a sua raiva e resignação nos impele e é o alimento -  um fio condutor importante na história – que nos faz refletir sobre as relações humanas e acompanharmos até o final os dramas, medos e aventuras de Goreng em busca de algo tão importante para cada um: a simples sobrevivência. Para aproveitarem e se surpreenderem mais, fica a minha dica para não assistirem aos trailers do filme, pois eles antecipam muitas surpresas. Deixem-se surpreender e entrem no poço! (dica de Jean Richard)